terça-feira, 12 de março de 2024
sexta-feira, 16 de fevereiro de 2024
sexta-feira, 11 de agosto de 2023
tantas luzes acesas fazem esquecer
que estamos todos no escuro.
tanta gente passando
faz esquecer
que estamos todos sós,
e tanta banalidade
faz esquecer
que estamos perdidos.
rio e assumo
que é reconfortante,
torcendo para que o teatro continue.
nesta cidade infinita
pessoas podem ser medidas
pelo tamanho da solidão
não assumida.
quarta-feira, 12 de julho de 2023
o nosso amor
estava escrito nas estrelas,
mas estrelas são imaturas
e não sabem o que escrevem.
ademais, você não sabe ler,
ou não quer.
o nosso amor
estava escrito nas estrelas,
você olhou para elas
e disse: “apaguem isso”.
o nosso amor
estava escrito nas estrelas,
mas elas não sabem escrever,
você não sabe ler
e eu não sei do que gosto.
segunda-feira, 17 de abril de 2023
quarta-feira, 22 de março de 2023
segunda-feira, 8 de agosto de 2022
talvez o cheiro
de sabão em pó com bebida
talvez os risos,
a vista.
sair no teto solar
escalar a churrasqueira até a laje
e qualquer outro respiro
de liberdade.
ah, éramos tão presos!
nada decidíamos sobre a vida
e ainda assim
ela era linda.
tantos livros, tantas músicas,
tantas paixões repentinas.
era tudo novo, tudo surpresa.
e do nada, como quem vai dormir
depois de um porre,
todos sumiram
- como estava previsto.
os 16 anos, que pareciam tão inocentes,
viraram 16 anos
de uma doce ressaca
(e que bom,
poderiam não ter deixado nada).
terça-feira, 15 de março de 2022
sexta-feira, 17 de dezembro de 2021
quinta-feira, 25 de novembro de 2021
terça-feira, 3 de agosto de 2021
o rio
tem cheiro de mar
vejo ao longe
o posto onze
- preferia
não chegar.
os pensamentos vão e vêm
em segundos,
inseguros.
penso no amor
como forma de revolta:
você me ofende,
eu amo de volta.
o mundo precisa de poesia
de brisa
de maresia
precisa demais
de mais fantasia.
você me lembra saudade
saudade que nunca
aprendi a engolir.
talvez minha garganta seja pequena
- ou eu mesma seja, vai saber.
passar na floricultura
é meu maior desespero:
das flores juntas, o cheiro
lembra casamento,
lembra enterro.
domingo, 18 de julho de 2021
não como quem puxa um fio,
mas como quem precisa puxar
fio por fio
de um tecido infinito.
desfazer cada mito.
desfazer aquilo
que a gente fez por instinto
e sem explicação,
até ter na mão
não um monte de fio,
mas um grande vazio.
esbanjar o vazio
iluminar o vazio
e cuidar do vazio.
depois,
sem tecido e sem lã,
sentir frio.
quarta-feira, 28 de abril de 2021
a mão,
além do rosto,
é o que fica descoberto
neste frio louco.
já decorei cada linha.
desmanchar
a mancha,
retocar
o toque,
desatar
a tara.
você me olha no rosto
com um ar de leveza
e acende a lareira.
o que mesmo viemos
fazer nesta cidade?
- pensamos sem assumir.
a gente não sabe mais o que inventar,
e os personagens imaginários já são tantos
que nem mais nomes eles têm.
daqui a pouco serei um deles,
você será também.
só queria a paulista aberta -
penso, e apago a luz.
a mão solta o livro,
a linha some.
durmo como se já fosse ontem.
hoje, sozinha no escuro,
eu sou meu próprio
futuro.
quarta-feira, 14 de abril de 2021
sexta-feira, 12 de março de 2021
a última brincadeira no play,
esquecimento do primeiro amor,
último dia de escola,
último filme dublado,
última noite de sono
com horário marcado.
último material escolar,
último dia sem café,
último prato de miojo,
último corte no joelho,
última farpa no pé.
a vida passa
a cada fim.
o tempo
é o abismo prateado -
a gente se joga
e quando vê,
sai do outro lado.
depois brinca como se ele
nunca tivesse passado.
e esse é o presente.
quinta-feira, 25 de fevereiro de 2021
quarta-feira, 20 de janeiro de 2021
a água macia
me faz cosquinha
como você fazia.
penso que está triste,
fico triste.
se não estiver triste,
ficaria triste se soubesse
que estou triste
por você estar triste?
quando não tem graça,
cachaça.
quando não tem pena,
poema.
me perco nas ruas
que eram tão grandes
quando vim pequena.
amanhã volto,
banco quente
garrafas de água,
músicas da semana.
amanhã
vamos ver
se a gente se encontra
sem querer.
às 17h no mercado.
segunda-feira, 23 de novembro de 2020
domingo, 25 de outubro de 2020
sábado, 17 de outubro de 2020
terça-feira, 29 de setembro de 2020
domingo, 20 de setembro de 2020
terça-feira, 1 de setembro de 2020
te manipular.
entrar no seu sonho,
te ver chorar
e te abraçar.
pequeno pedaço
de doce de ontem,
ainda mais doce hoje -
amargo amanhã?
te pego e te aperto,
contorço,
beijo seu pescoço.
veneno da alma
o tempo te estraga.
enquanto não durmo,
percorro seus sonhos
que agora são meus.
vou te levar embora,
calçar seus sapatos
e te misturar no leite.
quem sabe não dissolve
antes de amanhecer
como se nunca
tivesse existido?
terça-feira, 13 de janeiro de 2015
quinta-feira, 10 de abril de 2014
segunda-feira, 26 de agosto de 2013
e em silêncio permaneceu
até tomar coragem:
"e aí, como está?"
"por enquanto só dói".
e só doía
porque ainda não tinha se desfeito
naqueles pedaços mínimos
que ninguém poderia catar.
-por enquanto só dói -
repetiu para si mesma.
repetiu porque sabia
que muito em breve
ninguém mais perguntaria.
e sorriu engolindo
o nó na garganta.
daqui a pouco nem dor.
quinta-feira, 13 de setembro de 2012
quarta-feira, 1 de agosto de 2012
quarta-feira, 13 de junho de 2012
faz parecer verão
não entendo bem por que
mas lembra os verões da infância
quando você não existia ainda
- ao menos para mim.
bolo de morango
pela metade na mesa.
uma pena.
poderíamos ter comido tudo
e agora estaríamos rindo
com a barriga cheia
e olhos cansados
como se dissessem
- fizemos besteira.
viajo em pedaços de coisas
jogadas
e formigas que passam
apressadas
- provavelmente indo comer
o bolo.
você é engraçado. se irrita e sai,
sem dizer nada.
me deixa perdida.
se voltar amanhã,
eu não deixo entrar.
as formigas terão comido o bolo todo.
terça-feira, 20 de setembro de 2011
quarta-feira, 23 de março de 2011
sábado, 5 de fevereiro de 2011
sábado, 27 de novembro de 2010
domingo, 7 de novembro de 2010
de te intoxicar"
disse ela guardando no bolso
o pote que nunca tinha tido
nada
além de ar
ele ria,
apenas por saber
que ela mentia
como quem não sente
nada
e por isso esconde.
ria para fingir
que gostava dela
e que via nela
toda a alegria
da farsa humana
de atuar.
ria também
por sentir nada
- e muito mais vazio
do que o nada
que ela sentia.
ria sem a boca
sem mexer os olhos
sem demonstrar
ria, e repetia:
"eu também
nasci palhaço".
de mais lindo
quase nunca
faz sentido.
eu te escrevia poemas
em papel de paçoca
guardava no bolso da calça,
colocava pra lavar
com olhos espertos
te desenhava no teto
e passava horas
retocando os detalhes
nunca gostei de paçoca,
nunca soube desenhar
mas sufoca pensar
que o que passou não volta
nunca mais ficaremos
bêbados com coca-cola.
domingo, 31 de outubro de 2010
domingo, 19 de setembro de 2010
quarta-feira, 15 de setembro de 2010
sexta-feira, 6 de agosto de 2010
sexta-feira, 23 de julho de 2010
domingo, 18 de julho de 2010
a roupa listrada
amassava
junto ao vidro
e eu deixava de lado
o longo caminho
da triste estrada
que morria comigo.
aos poucos
cada célula
ou qualquer coisa
intangível
se dissolvia
e era longe
para que eu pudesse
recuperar.
meus versos longos
de tantos anos
de madrugada
noite virada
todo cansaço
voavam longe
pra outro lugar .
então que vi
com tristes olhos
me olhando torto
a solidão.
o rosto amigo
a voz serena
morreram juntos
sem dar motivo.
tudo
porque já
não era domingo.
domingo, 20 de junho de 2010
sexta-feira, 4 de junho de 2010
domingo, 30 de maio de 2010
sábado, 15 de maio de 2010
segunda-feira, 3 de maio de 2010
segunda-feira, 19 de abril de 2010
eu não me canso
de todo dia
vir para o baile
te observar.
suas pernas longas
de passos certos
que não se cansam
de passear
por olhos grandes
sempre atentos
ao dois pra lá
e dois pra cá.
então respiro
tomo coragem
e com vontade
de não errar
suspiro e digo,
te olhando fundo:
...
não digo nada.
eu fico mudo.
sábado, 17 de abril de 2010
segunda-feira, 12 de abril de 2010
os olhos perdidos
viajam
pela fresta aberta
da janela da cozinha
um pássaro corta o céu
rumo a lugar nenhum
em busca de companhia.
a vizinha estende roupas
do marido que nunca está
em casa quando ela precisa.
e o neném grita.
pensa que deve estar
com dor de garganta
(ou grita apenas
para receber alguns mimos).
aos poucos pingos de chuva
começam a cair,
fecha os olhos
para sentir seu nariz gelado.
mas de súbito acorda:
"merda! esqueci que fiquei de babá
da farofa de banana".
terça-feira, 30 de março de 2010
enquanto eu me preocupava
em plantar sonhos
era tarde
e todos dormiam.
colhi ervas daninhas
que me mastigavam
enquanto de olhos fechados
na esquina
você fingia que observava
passo a passo
todo meu drama.
vou mandar fazer
um vudu
de você
para morder a bochecha
e fazer cócegas
de madrugada.
você vai, em vão,
implorar meu perdão.
tarde demais.
eu prometo nunca mais
te deixar dormir
em paz.
quarta-feira, 24 de março de 2010
quarta-feira, 17 de março de 2010
sexta-feira, 12 de março de 2010
quinta-feira, 11 de março de 2010
infelizmente
a noite
sempre chega
trazendo os problemas
que o dia encobre.
à noite é sempre
calor
ou frio demais
nunca
um meio termo
e sentimos mais dor
do que de costume
sentimos medo.
a noite vai
com a ameaça
de um dia voltar
então ela chega
no meu ouvido
e sussura agudo
"não adianta
tentar fugir
que eu vou
sempre
te encontar".
a noite é
meu próprio
pesadelo.
quarta-feira, 3 de março de 2010
domingo, 28 de fevereiro de 2010
quinta-feira, 25 de fevereiro de 2010
domingo, 7 de fevereiro de 2010
sábado, 6 de fevereiro de 2010
sexta-feira, 5 de fevereiro de 2010
os olhos murchos
combinam com o corpo
cansado.
hoje, mais uma vez,
não é noite para dormir
(nem para escrever poesias,
para nada).
é mais uma noite perdida
alguns sonhos a menos
e o cheiro da madrugada
por todos os cantos
me mantendo acordada.
é bom não pensar,
mas não tenho como
eu ainda te acho chato
e você dorme
profundamente
ao meu lado.
quinta-feira, 4 de fevereiro de 2010
terça-feira, 2 de fevereiro de 2010
quando eu era pequena
a chuva era motivo
de diversão
- e nada além disso.
a capa de pato
que saía do armário
e a galocha rosa
da xuxa
que ficava toda suja,
preta de lama.
no recreio,
não saíamos pro pátio
lanchávamos na sala
e as meninas escandalosas
gritavam
a cada trovão.
não sei se era a única,
mas eu torcia
diariamente
para chover.
hoje choveu.
a chuva é um transtorno.
acabou com meu sapato novo.
será que vou conseguir pegar
o primeiro tempo na faculdade?
segunda-feira, 1 de fevereiro de 2010
domingo, 31 de janeiro de 2010
sábado, 30 de janeiro de 2010
sexta-feira, 29 de janeiro de 2010
quarta-feira, 27 de janeiro de 2010
com unhas grandes
batem no copo
de vidro
e o barulho agudo
incomoda meu ouvido.
você tem medo da vida
vive pelos filhos
que ainda não teve
e nem sabe
se um dia vai ter.
vive pensando
em se libertar
sendo que a liberdade
está em não pensar.
seu futuro é hoje
e você não percebe
nunca vai perceber
porque prefere bater
no copo de vidro.
ainda bem que agora
eu já não escuto.
segunda-feira, 25 de janeiro de 2010
quinta-feira, 21 de janeiro de 2010
segunda-feira, 18 de janeiro de 2010
quinta-feira, 14 de janeiro de 2010
segunda-feira, 11 de janeiro de 2010
domingo, 10 de janeiro de 2010
sexta-feira, 8 de janeiro de 2010
quinta-feira, 7 de janeiro de 2010
segunda-feira, 4 de janeiro de 2010
quarta-feira, 30 de dezembro de 2009
terça-feira, 29 de dezembro de 2009
Você é parte de mim.
Insistente, não desgruda
E se deixo, me muda.
Me transforma em você.
Me vejo repetindo seus gestos,
Suas palavras são minhas também,
E seu jeito de sorrir.
Seus olhos olham para o meu mundo
Vêem tudo diferente
Reclamam, questionam.
E você acaba reformando coisas bobas,
Me fazendo girar no sentido errado.
Mas é escuro. Já não há mais erros.
Choro por não te ter ao meu lado.
segunda-feira, 28 de dezembro de 2009
sábado, 26 de dezembro de 2009
Que mal sabe caminhar
Queres grana, eu te arrumo
Mas me guia nesse mar.
Jangadeiro sem sentido
Que só rema por remar
Vou tapar o seu ouvido
Te levar pra outro lugar.
Jangadeiro sem vergonha
Que me pede pra esperar
Trago mate e pamonha
Pra jangada nao virar.
Jangadeiro sem jangada
Que nao sabe onde está
Leva sua namorada
Pras profundezas do mar.
E a pamonha? E a grana?
Vai mais um pouco de chá?
sexta-feira, 25 de dezembro de 2009
Em meu suor
Carrego
Mais um dia com seu ego.
Voce abandona a marcha
Antes do apito tocar
Nao sei bem o que acha
Mas esse nao é seu lugar.
Sangue sujo
Suor
Fujo.
Sem dó.
A marcha segue distante
E ao ver seu sorriso sério
Devolvo o livro pra estante.
Um dia a marcha se perde
Entao seremos só nós.
Sangue leve
Suor de pirata
A poesia me maltrata.
quarta-feira, 23 de dezembro de 2009
segunda-feira, 7 de dezembro de 2009
Vida imunda, mão perdida
Uma hora e nada mais.
Rodo os olhos sem perceber
Que olhos não rodam
O que fazer?
Rodo sem saber rodar.
Tiro a roupa, pinto as unhas
Mudo tudo de lugar.
Lugar certo fica triste
Mas não tem como ficar:
Lugar certo não existe.
Uma hora que não passa
E não iria passar:
O relógio está parado.
sábado, 5 de dezembro de 2009
sexta-feira, 4 de dezembro de 2009
quinta-feira, 22 de outubro de 2009
quarta-feira, 21 de outubro de 2009
A vida se fez serena
Mais suave e mais sem graça.
Ingênua alma
Que não é pequena
Tropeça ao som
De qualquer ameaça.
As voltas ficaram lentas
E a cada movimento,
Uma nova trapaça.
O suor no rosto de quem passou frio
As noites em claro,
Caiu em desgraça.
É porque aqui,
Antes era vento.
Chagava o inverno
Matava de medo
Qualquer um desta praça.
sexta-feira, 17 de julho de 2009
quarta-feira, 3 de setembro de 2008
Voz que dura até de dia
E me acorda sem saber
Que se fosse mais sombria
Poderia me ensurdecer
Me leva para longe daqui
No grito de quem quer fugir
No sonho de quem não dorme
Na calma de quem não vive.
Vozes nunca tão macias
Que me olham,
Olhos grandes
Suaves mãos ásperas
Que já não sabem me acordar.