a mão,
além do rosto,
é o que fica descoberto
neste frio louco.
já decorei cada linha.
desmanchar
a mancha,
retocar
o toque,
desatar
a tara.
você me olha no rosto
com um ar de leveza
e acende a lareira.
o que mesmo viemos
fazer nesta cidade?
- pensamos sem assumir.
a gente não sabe mais o que inventar,
e os personagens imaginários já são tantos
que nem mais nomes eles têm.
daqui a pouco serei um deles,
você será também.
só queria a paulista aberta -
penso, e apago a luz.
a mão solta o livro,
a linha some.
durmo como se já fosse ontem.
hoje, sozinha no escuro,
eu sou meu próprio
futuro.