quarta-feira, 28 de abril de 2021

 a mão,

além do rosto,

é o que fica descoberto

neste frio louco.

já decorei cada linha.


desmanchar

a mancha,

retocar

o toque,

desatar

a tara.


você me olha no rosto

com um ar de leveza 

e acende a lareira.

o que mesmo viemos 

fazer nesta cidade?

- pensamos sem assumir.


a gente não sabe mais o que inventar,

e os personagens imaginários já são tantos

que nem mais nomes eles têm.

daqui a pouco serei um deles,

você será também.


só queria a paulista aberta -

penso, e apago a luz.

a mão solta o livro,

a linha some.

durmo como se já fosse ontem.


hoje, sozinha no escuro,

eu sou meu próprio

futuro.