domingo, 31 de janeiro de 2010

Destroços

toda essa velharia
o móvel empoeirado
os livros em latim
e o espelho quebrado
sou eu.
e você mente.
A vida é a arte dos encontros?

eu te procuro
em lugares do mundo
que não existem
- simplesmente
para ter
o que procurar.
te procuro
porque sei
que a busca
não tem fim
e não me chama
de maluca
porque sou
feliz assim.

sábado, 30 de janeiro de 2010

Sufocada em meio a exclamações

palavras soltas
rimas invertidas
poesias bêbadas
são tão
divertidas!

amanhã
eu vou te
acordar
com um suco
de manga
e um gole
de chá.

amanhã
- de novo!
pra variar.
a ironia
de se viver bem
(por alguns dias)
em um mundo
onde sempre
se vive mal.
mais uma vez
carnaval.

sexta-feira, 29 de janeiro de 2010

ele não sai da janela
passa o dia todo
observando
as pessoas que somem
uma a uma
esquina afora.

uma hora ele cansa
então as pessoas sumirão
à toa,
simplesmente por sumir.

uma hora elas cansam.
Solidão

teimoso
eu quero voar
nas suas penas.
meu pássaro rei
que corta o ar
e retorna
sozinho
a seu lar
vazio.
um dia eu vou
aprender a voar
por todo esse céu
sozinha.
então você vai
certamente
suplicar
minha companhia.

quarta-feira, 27 de janeiro de 2010

suas mãos nervosas
com unhas grandes
batem no copo
de vidro
e o barulho agudo
incomoda meu ouvido.

você tem medo da vida
vive pelos filhos
que ainda não teve
e nem sabe
se um dia vai ter.
vive pensando
em se libertar
sendo que a liberdade
está em não pensar.

seu futuro é hoje
e você não percebe
nunca vai perceber
porque prefere bater
no copo de vidro.

ainda bem que agora
eu já não escuto.

segunda-feira, 25 de janeiro de 2010

toda a vida
a mesma espera
pelo mês
de fevereiro.

tanto sono
tanta insônia
tanto tédio
tanto medo
tanta dor
e desespero
só terminam
em fevereiro.
e se eu me afogar
no seu copo de chá
você vai sorrir
ou tentar me salvar?

quinta-feira, 21 de janeiro de 2010

aquele olhar
"seu neném sou eu"
que só você
sabe fazer.
não há como
não sorrir e responder:
claro que sim,
meu nenem é você.
Nossa vez

mais dia,
menos dia
isso acaba
tudo acaba.
então nosso frio
vai explodir em chamas
a fome vai virar macarrão.
de repente tudo em volta
vai pedir socorro
a quem sempre negou
o pedido de perdão.

e nós vamos rir
não querendo esnobar,
mas de felicidade.
Fotografia

Mais um sorriso
Um dia colorido
E algumas coisas
Que derretem
Ao meu lado.
O que se derrete
Me fascina
Cada vez mais
(e mais e mais).

Estrelas no céu
De dia.
Dizem que só eu enxergo.
Até porque
Também há flores
E estas
Também sorriem.

Ei, tira uma foto minha?
Desconhecido

Ele não é daqui,
Mas passa todos os dias
Na mesma hora.
Cruza a rua
No mesmo pedaço
Carregando apenas
O sol em seus braços.
Um dia ele muda,
O sol se apaga
Um dia seus braços
Estarão vazios.
Então ninguém,
Ninguém mais
Vai reparar nele.

Vão achar que é daqui,
Como todos os outros.

segunda-feira, 18 de janeiro de 2010

O poeta e a vida

os dedos do poeta
antes tão precisos
já não podem sequer
escrever em linha reta.

"vida de sol
vida.
vida dis
sol
vida"

e quando termina,
as palavras estão mortas.
já não há mais vida
dissolvida
em suas linhas tortas.
Continua achando fácil?

você acha que é gente
e que sabe lidar
com as pequenas alucinações
do banheiro.
mas você nunca foi gente
e não sabe sequer
lidar com outros bichos.

esquece a banheira ligada
e se afoga.

quinta-feira, 14 de janeiro de 2010

O que há por trás
Dessas letras tão vazias?
Um infinito de coisas
Mais vazias ainda.

Segredos. Para que guardá-los?
Metrô

Aqui só há
Dois tipos de gente:
Os observadores
E os conversadores.
Não gosto de ser observada
Pelos observadores
Mas gosto de observar
Os conversadores.

segunda-feira, 11 de janeiro de 2010

Eu?

Não consigo ser eu mesma
Porque não sei quem sou.
Por que ser eu?

Se tentasse ser você
Estaria sendo eu mesma
Pois te imitar faria parte de mim.

Acho que agora estou sendo eu
Porque só eu falo assim.

domingo, 10 de janeiro de 2010

Não me preocupo
Com o passado.
Uma hora ele chega.
Mas precisava estar
Sempre atrasado?

sexta-feira, 8 de janeiro de 2010

Te ponho na minha mão.
Você corre pelas esquinas
Dos meus dedos tortos
Sem se encontrar.
Parece deslumbrado,
E eu rio
Sem entender que graça
Tem a minha mão.

O que quer ouvir hoje?
Histórias de fantasma?
Mentes coloridas

Vocês ainda brincam
De colorir.
Por que colorem tanto
Se o colorido
Que disfarça a vida
Sempre fica
Preto-e-branco?
Deixei do meu lado
Um pote de nada
Para encher-se de sonhos
Durante a madrugada.

quinta-feira, 7 de janeiro de 2010

Você aqui outra vez
Brigando de ser
Formiga
Por que ser tão
Formiga?
Vou te deixar tonta
Te afastar do bando
E te jogar água
Só para ver
Se um dia deixa de ser
Formiga.

segunda-feira, 4 de janeiro de 2010

Há quatro dias não durmo
Por medo de não sonhar
Fico perdida no escuro
Forçando a visão
De figuras no ar.

Meus olhos sabem desenhar.
Tudo
Era sempre
Sonho bom
Mas nada
É sempre sonho
E nada
É sempre bom.
Tudo pouco
Nesse mundo
Mas um pouco
Tão profundo
Que nem parece pouco.
É muito?
Noite
Chuva
Vendaval.

Quem matou meu burrinho
Me ensanguentou com espinho
E foi pular carnaval?
Quando é bem pequeno
Não existe problema.
Então resolvi cortar versos,
Reduzi meu poema.