sábado, 27 de novembro de 2010

Caderno de FEB

move
como eu
movo
me trans
forma
de re
pente
move
então
de novo
me co
move
por ser
novo
como a
gente.

domingo, 7 de novembro de 2010

"tenho medo
de te intoxicar"
disse ela guardando no bolso
o pote que nunca tinha tido
nada
além de ar
ele ria,
apenas por saber
que ela mentia
como quem não sente
nada
e por isso esconde.
ria para fingir
que gostava dela
e que via nela
toda a alegria
da farsa humana
de atuar.
ria também
por sentir nada
- e muito mais vazio
do que o nada
que ela sentia.
ria sem a boca
sem mexer os olhos
sem demonstrar
ria, e repetia:
"eu também
nasci palhaço".
tudo que há
de mais lindo
quase nunca
faz sentido.

eu te escrevia poemas
em papel de paçoca
guardava no bolso da calça,
colocava pra lavar

com olhos espertos
te desenhava no teto
e passava horas
retocando os detalhes

nunca gostei de paçoca,
nunca soube desenhar
mas sufoca pensar
que o que passou não volta

nunca mais ficaremos
bêbados com coca-cola.