segunda-feira, 19 de abril de 2010

Amor platônico

eu não me canso
de todo dia
vir para o baile
te observar.
suas pernas longas
de passos certos
que não se cansam
de passear
por olhos grandes
sempre atentos
ao dois pra lá
e dois pra cá.
então respiro
tomo coragem
e com vontade
de não errar
suspiro e digo,
te olhando fundo:
...
não digo nada.
eu fico mudo.

sábado, 17 de abril de 2010

a poesia escorre
das mãos que nunca souberam
segurar
nem mesmo um copo de chá.
a poesia em vão
que só sabe escorregar
e pinga no chão.

vejo tudo
com olhos cansados
e já nada faço.
poesias sujas não consolam
meu coração machucado.

segunda-feira, 12 de abril de 2010

Vida de dona de casa

os olhos perdidos
viajam
pela fresta aberta
da janela da cozinha
um pássaro corta o céu
rumo a lugar nenhum
em busca de companhia.
a vizinha estende roupas
do marido que nunca está
em casa quando ela precisa.
e o neném grita.
pensa que deve estar
com dor de garganta
(ou grita apenas
para receber alguns mimos).
aos poucos pingos de chuva
começam a cair,
fecha os olhos
para sentir seu nariz gelado.
mas de súbito acorda:
"merda! esqueci que fiquei de babá
da farofa de banana".