domingo, 28 de fevereiro de 2010

Dorminhoca

te confundo
com alguém
que nunca vi
(ou já vi
e não me lembro).
é como um sonho
de repente
desconhecidos falam
comigo como se fôssemos
grandes amigos.
e como no sonho,

corro
me contorço
para matar o estranho
que sai correndo do espelho.
e então tropeço, rolando escadas abaixo.


ai!
Confusa

passo a vida toda
tentando entender
por que você
é sempre tão eu
e eu
sou sempre
tão você

quinta-feira, 25 de fevereiro de 2010

Estranho

olhando seus olhos
sua pele
seu dedo
sua cor
seu cabelo
meu deus,
como você
me dá
medo.
O que você quer de mim?

de repente me vejo
trocar palavras
esquecer nomes
e tropeçar
a cada passo.
me vejo exausta
com dedos murchos
a sentir dores
que não se sente.
te peço força
te peço calma
depois desisto
e como consolo,
devoro
tua
alma.

domingo, 7 de fevereiro de 2010

Princesinha

você aparece vestida
toda toda,
toda linda.

com esse sorriso no rosto
e as bochechinhas coradas
quase não se percebe
que a sua roupa está
rasgada.
Tudo de novo

observo com prazer
você se afogando
na minha piscina.
sinceramente sinto
que não tenho o que fazer
e além de tudo,
eu admito,
a imagem me fascina.
sento na borda
para podermos conversar:
"se você sair vivo,
posso te matricular na natação?"

sábado, 6 de fevereiro de 2010

Talvez

talvez o vazio
de amar pela metade
me cause tanta dor
frio
ansiedade.
hoje eu te vi
e senti saudade
do que poderia ser
e que tanto
arde.

talvez
nada
nunca seja
de verdade.
Acontece

viva dia
a vida
invadida
de vida
dia bonito de ver
nasce pra te conhecer.

vi vadia
ávida
invadida
de vida
sol se confunde e se põe
antes do entardecer.

sexta-feira, 5 de fevereiro de 2010

Além de tudo, ingratidão

os olhos murchos
combinam com o corpo
cansado.
hoje, mais uma vez,
não é noite para dormir
(nem para escrever poesias,
para nada).
é mais uma noite perdida
alguns sonhos a menos
e o cheiro da madrugada
por todos os cantos
me mantendo acordada.
é bom não pensar,
mas não tenho como
eu ainda te acho chato
e você dorme
profundamente
ao meu lado.

quinta-feira, 4 de fevereiro de 2010

Até onde chegamos

hoje à tarde
adormeci e sonhei
com seus sapatos.
eles pisavam torto
e eram verdes
como meus olhos.
quando acordei,
estava usando
seus sapatos
- que agora
são meus também.

terça-feira, 2 de fevereiro de 2010

A chuva e o tempo

quando eu era pequena
a chuva era motivo
de diversão
- e nada além disso.
a capa de pato
que saía do armário
e a galocha rosa
da xuxa
que ficava toda suja,
preta de lama.
no recreio,
não saíamos pro pátio
lanchávamos na sala
e as meninas escandalosas
gritavam
a cada trovão.
não sei se era a única,
mas eu torcia
diariamente
para chover.

hoje choveu.
a chuva é um transtorno.
acabou com meu sapato novo.
será que vou conseguir pegar
o primeiro tempo na faculdade?
meu pior
medo do escuro
é o que chega
quando está claro.
Abacaxi

sua sombra
atravessa a estrada toda
até chegar ao meu lado.
você diz que me ama
e como prova traz de longe
um abacaxi gigante.
o sonho de viver
sem me achar louca
nasceu morto
e eu nem sequer
lembro se dormi.
me morde para ver se estou sonhando?

segunda-feira, 1 de fevereiro de 2010

Filosofia sem sentido

às vezes nos resumimos
a nada
parece triste,
mas é nessas vezes
que o nada faz sentido.

fora isso,
nada
nunca
faz sentido.
Diversão barata

adoraria que você
me perguntasse algo
porque adoraria poder
não te responder.